As causas da emancipãção da América espanhola
As transformações ocorridas nos países europeus, no início da idade Contemporânea, também se estenderam às terras americanas através dos contatos comerciais e, inevitavelmente, de idéais. Assim os novos ideiais e conceitos políticos e econômicos surgidos no século XVIII, produzidos na europa, chegaram à América, onde expressaram, de forma mais ou menos adequada, o inconformismo de setores da população colonial com o estado de coisas reinante. A independência da América Espanhola ocorreu pouco depois da revolta das Treze Colônias inglesas; as duas Américas levantaram-se contra as metrópoles, conduzidas pela grande corrente liberal do século XVIII.
A influência inglesa se fez sentir na América Espanhola através do interesse em ampliar suas trocas com as áreas coloniais, mantidas em regime de monopólio comercial, a fim de assegurar mercados.
A França, através de Napoleão Bonaparte, que invadiu a espanha e colocou no trono um dos seus irmãos, contribuiu para que as áreas espanholas passassem a ser regidas pelos poderes locais (os Cabildos).
"A filosofia do século, a politica inglesa,
a ambição da França e a estupidez da espanha
influíram bastante na América." (Simon Bolívar)
A independência das colônias hispano-americanas foi feitas quase que exclusivamente pela aristocracia "criolla". Nenhum movimento antimetropolitano triunfou sem a sua participação, embora contasse comm o apoio da massa indígena e da população mestiça. Porém, a classe dominante colonial procurou manter a autonomia na medida de seus interesses, impedindo os avanços e reivindicações populares.
Instalados em uma terra que consideravam "sua", os "criollos" constituíam a elite econômica e intelectual, em uma sociedade em que a presença do negro escravizado e do indígena subjugado conferia ao branco um sentimento de "superioridade".
A independência dos EUA e a Revolução francesa foram os acontecimentos que mais contribuiu para o desenvolvimento do espirito revolucionario hispano-americano. Sua influência se fez sentir através dos "criollos", que compreenderam que o exemplo dessas revoltas poderia ser imitado.
Acrescente-se que, em 1823, os EUA promulgaram a Doutrina Monroe, que dizia que "os continentes americanos haviam consquistado a sua independência e pretendiam mantê-la, não devendo mais no futuro serem considerados como suscetíveis de tornar-se colônias de uma potência européia". A Revolução francesa exerceu sua influência na América. quando os "criollos" concientes da necessidade de libertação conseguiram fundamentação ideologica, exercida pelos pensadores da revolução (iluminismo) e o movimento de 1789 representou uma autêntica afirmação do direito do povo contra o despotismo dos Reis.
Mapa da América espanhola
A
FORMAÇÃO DO ESTADO NACIONAL NO BRASIL E NAS REPÚBLICAS DO PRATA:
É
marcante a diferença na unidade política nas Américas portuguesa e espanhola
durante o século XIX. A primeira diferença chama a atenção na manutenção da
unidade política e a fragmentação territorial. A outra diferença diz respeito
ao regime de governo adotado nos países independentes: Republicano nas
ex-colônias espanholas, monárquico no Brasil.
No momento da independência política dos países das Américas espanholas o conceito
de nacionalidade era inexistente.
A construção do Estado na Argentina
Buenos
Aires foi escolhida para ser a capital da nova jurisdição
político-administrativa, em
1778 o porto de Buenos Aires e de Montevidéu, obtiveram permissão para Ter
vinculações diretas com os portos da Espanha e da América Espanhola.
No
porto de Buenos Aires, onde as atividades eram dominadas pelo contrabando
(especialmente Português e Inglês) ganhou vida nova. E a inclusão das ricas
minas de Potosí atrelada com a jurisdição do novo vice-reino e as
regulamentações comerciais legalizaram um tráfico que havia sido ilegal até
então. Aos
poucos o “centro de gravidade” dos domínios espanhóis na América migrou do altiplano
andino para o rio da prata e a prata do alto Peru, deixou de ser enviada para a
Espanha pela rota do porto de Lima e começou a sê-lo por Buenos Aires.
As
reformas buorbônicas geraram descontentamento entre a elite local criolla que
teve seu poder reduzido pela nova política uniformizadora. Com a criação do
regime de intendências as autoridades das cidades subalternas sentiram – se
diminuídas ante as das cidades principais da nova organização administrativa. O
processo de independência na América do Sul aconteceu no momento da crise do
absolutismo e do colonialismo mercantilista, quando o mundo se ajustava à nova
realidade econômica e política expressa na revolução industrial e na revolução
francesa.
Em
1806 e 1807 a fragilidade da ordem colonial fora revelada pela invasão inglesa
a Buenos Aires. Mesmo sendo
malsucedidas, as invasões, motivadas por interesses comerciais e militares foi
um duro golpe ao poder espanhol na América, porém Buenos Aires foi capaz de
vencer o poderoso invasor, mediante a rápida mobilização da população e uma
eficiente força militar. As
invasões inglesas trouxeram conseqüências importantes: Em primeiro lugar houve
à ênfase no fato de Buenos Aires ser um centro administrativo de vice-reino. Em
segundo lugar, Buenos Aires adquiriu o poder militar, antes inexistente. Em
terceiro lugar a província ganhou prestigio pela vitória sobre os ingleses e
também por cometer um fato inédito nas colônias espanholas; a derrubada de um
representante do rei, o vice-rei Sobremonte.
Em
1809, o cabildo de Buenos Aires
tentou, em vão, depor o vice-rei substituto Santiago Liniers. O movimento de independência possuía princípios e
interesses que se convergiam entre si. Em
fevereiro de 1820, caia o sexto governo central derrubado pela força dos
caudilhos das províncias de Santa Fe e entre Ríos. Dez anos
depois do início do processo de independência, o território onde logo mais
formaria a Argentina era um aglomerado de províncias autônomas. O processo
de emancipação política trouxe conseqüências econômicas significativas, a
guerra tanto de independência quanto a guerra civil causou a destruição da
riqueza monetária e das zonas rurais.
O processo de independência Independência instituiu definitivamente o comércio livre, em um contexto no
qual a economia britânica se tornara claramente dominante. O
desencontro entre os interesses de Buenos Aires e as regiões do antigo
vice-reino do rio da prata geraram os conflitos que marcaram o difícil processo
de construção da futura Argentina. Com à
rivalidade entre Buenos Aires e as províncias surgiram duas propostas distintas
de organização do Estado: Unitarismo versus
Federalismo. Os partidários de ambos os lados foram protagonistas das lutas que
em alguns momentos assumiram a proporção de uma verdadeira guerra civil.
O
congresso constituinte de 1824-1827, instaurou em 1826 um poder executivo
Nacional, um banco Nacional e Federalizou a cidade de Buenos Aires e declarou
como sendo ela a capital do país. O acordo
de S. Nicolás promulgado em maio de 1852, estabelecia as bases para a
constituição de um estado nacional Argentino e colocava provisoriamente Justo
José de Urquiza no comando político e militar da confederação. A
constituição elaborada criou uma república federativa e instituiu a divisão de
poderes – executivo, legislativo e judiciário. Dando ao presidente eleito
indiretamente um mandato de seis anos. A nova
política foi ainda objeto de conflito, pois não contava com o apoio da
província de Buenos Aries somente em 1880 e que foi completado o processo de
construção do estado Nacional, quando a cidade de Buenos Aires de tornou
capital federal.
A construção do estado do Brasil
Enquanto
a América espanhola teve que criar um novo poder legítimo para substituir o do
monarca, no Brasil houve a perduração de um poder legítimo, o que significou
uma continuidade na transição de colônia para império. Em
1824 D. Pedro I outorgou uma constituição com as bases do sistema político
imperial, com princípios que se impunham aos da monarquia.
Já o período da Regência foi Politicamente conturbado, com fortes ameaças a unidade
territorial e à ordem social, com
o aumento da importância político das províncias houve o acirramento das
disputas das elites pelo controle destas, o que levou à conflitos sociais muito
mais profundos. Logo o sistema policial e judiciário revelou-se inadequado para
conter os conflitos. Em
1850 a reorganização da guarda Nacional centralizou todo o império,
subordinando à guarda também ao ministro da justiça.
A
centralização política na cidade do Rio de Janeiro coincidiu com uma grande
concentração de riqueza na província de mesmo nome, e os defensores do
centralismo estavam na burocracia central sendo eles os grandes cafeicultores e
comerciantes do Rio de Janeiro. Houve
uma vinculação entre centralização político-administrativa e manutenção do
sistema escravista desta forma a “ unidade do trabalho escravo” foi garantida.
No
segundo reinado ocorreu o surgimento de dois partidos políticos com posição
social divergentes. Enquanto o partido liberal era composto por profissionais
liberais e proprietários rurais, o
partido conservador compunha-se de burocratas e donos de terras. O partido conservador era formado
por plantadores de café escravistas, comerciantes, traficantes de escravos e
homens dos setores burocráticos. Já os liberais eram ligados aos diversos
segmentos da produção vinculada indiretamente ao comércio de exportação, sendo
que estes teriam dificuldades em unir forças em torno de um objetivo comum.
A formação do Uruguai
Em
1822 quando o brasil se tornou independente o território onde hoje é o Uruguai
era integrado ao território brasileiro, sendo este território motivo de
disputas entre Portugal e Espanha e anos depois objeto de guerras entre Brasil
e argentina. Este território possuía uma boa riqueza
pecuária que acabou atraindo a atenção de espanhóis, portugueses, argentinos e
brasileiros, e em
1777, o tratado de Santo Ildefonso determinou a perda da colônia de sacramento
pelos portugueses, contudo isso mão encerrou as contendas pela cobiçada região.
Em
1815 José Gervásio Artigas obteve o controle de Montevidéu, ele tentou
reconstruis a economia da província oriental (Uruguai) que foi devastada pela
guerra e deu inicio à realização de uma espécie de reforma agrária. Em Julho do
mesmo ano os portos de Montevidéu, colônia e maldonado foi aberto a todos os
barcos exceto os vindos de Buenos Aires. Os
portugueses fizeram uma invasão em agosto de 1816 sob o comando do general
Carlos Frederico Lacor, foi bem-sucedida sendo apoiado por uma parcela da elite
Uruguaia que estava descontente com a política de Artigas. Com a derrota das forças de Artigas em 1821 a
banda oriental foi anexada ao Brasil com o nome de província Cisplatina, a expedição “dos 33 orientais” lutaram contra
o domínio do brasil, os revolucionários tinham o apoio financeiro de poderosos
estancieiros de Buenos Aires.
No
mês de outubro de 1825 os revolucionários obtiveram o domínio do interior,
ficando o Brasil com as cidades de Montevidéu, Colônia e Maldonado. Já em 25 de
outubro houve um congresso em Buenos Aires para anunciar a incorporação da
banda oriental às províncias unidas. Às autoridades imperiais brasileiras foram
informadas e tal resolução séria respaldada a força. A
guerra da Cisplatina se arrastou até 1828 sendo ela um desastre para ambos os
lados. No Brasil o conflito contribuiu para o desgaste político de D. Pedro I e
das finanças Nacionais. Na argentina, as negociações de paz acabaram levando à
queda do presidente em 1807, pouco tempo depois em 1828 o fim da guerra externa
trouxe consigo a guerra civil na Argentina. Na convenção preliminar da paz, assinada em 27 de
agosto de 1828, a província Cisplatina deveria ser um estado independente
interposto entre o Brasil e as províncias unidas e os dois pises se
comprometeram em defender a independência e a integridade do Uruguai. E em 1830
com a promulgação da constituição, o novo país passou a se chamar República
Oriental do Uruguai.
A situação em meados do século XIX
No
Brasil e na Argentina o processo de formação de um estado nacional envolveu uma
difícil conciliação de interesses entre unidade subnacionais, para por fim
criar fim poder central, o
processo de centralização política e administrativa iniciado no início da
década de 1840 no Brasil, que tinha um poder de estado unitário, atingira o seu
ápice em 1850, cm a reforma da guarda Nacional.
O
plano de reconstituição do vice-reino do rio da prata, era visto pelos
governantes brasileiros como uma séria ameaça à segurança do império e de sua
instituições. Defender
a independência do Uruguai e Paraguai era a garantia de “internacionalização”
dos rios Uruguai, Paraná e
Paraguai, objetivo compartilhado pelas
potências européias interessadas no comércio da região. As
disputas territoriais travadas entre Portugal e Espanha foram herdadas pelos
países surgidos dos processos de independência política. Portugal
cedeu à Espanha a Colônia de Sacramento, em troca do território das Missões
orientais do Uruguai. Contudo a ocupação das Missões pelos portugueses foi dificultada
pela reação dos indígenas que , sob o comando dos jesuítas, se rebelaram e se
recusaram a deixar o território, resistindo por muito tempo com armas em mãos.
Foram tantas as dificuldades para sua execução que o tratado acabou sendo
considerado nulo.
Uma
questão que provocou muitas discussões entre Brasil e Uruguai foi à respeito da
posse e uso da lagoa Mirim, importante por que proporcionava a possibilidade de
mais uma saída para o oceano.
vvvvvvvvvvvvvvvvv
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